Feira dos Vinte: Tradição secular trouxe milhares ao coração da Vila de Prado

A tradição continua bem viva na Vila de Prado e arrastou um mar de gente para a secular Feira dos Vinte. Celebrada a 20 de janeiro, no dia de S. Sebastião, foi, como é habitual, o ponto alto de uma programação centrada no mundo rural que atraiu novamente milhares de pradenses e visitantes durante três dias consecutivos (18 a 20 de janeiro).

O dia amanheceu com um sol convidativo e, logo nas primeiras horas da manhã, o largo da feira encheu-se para receber a Feira de Gado, onde os produtores fizeram trocas ou vendas de gado bovino e cavalar, e o concurso pecuário. Celebrou-se, também, a habitual missa e, este ano, estreou a iniciativa de bênção dos animais. Da parte da tarde, houve direito a batismo de cavalo e passeios em charrete, duas atividades que fizeram as delícias dos amantes dos equídeos.

Mas não é só em torno do gado que se faz a agenda deste certame. Quem percorreu as várias tendas encontrou vestuário, calçado, artesanato, artigos para o lar, utensílios agrícolas, produtos hortícolas....  Houve ainda diversões para miúdos e graúdos, sempre com o cheiro dos doces típicos no ar. Como cenário de fundo da festa, a capela da Nossa Senhora do Bom Sucesso recebeu milhares de fiéis durante o dia para prestar devoção a S. Sebastião, santo padroeiro contra a peste, fome a guerra.

A Noite das Provas, realizada na véspera (19 de janeiro), como já é costume, foi um dos pontos principais, com grupos de famílias e amigos a marcarem presença nas mesas dos restaurantes e tasquinhas da Vila de Prado para saborear as papas de sarrabulho e provar o vinho novo. A Confraria Gastronómica das Provas da Feira dos Vinte andou de estabelecimento em estabelecimento para degustar as especialidades locais.

A Feira dos Vinte, de raízes antigas que remontam ao reinado de D. Dinis, no século XIV, conseguiu manter a sua essência, mas adaptou-se ao passar dos tempos. A tenda gigante implantada no Largo de S. Sebastião, com aquecimento instalado para combater o frio das noites de janeiro, revelou-se um cenário muito agradável para receber um leque diversificado de atividades, com espetáculos de música (destaque para os já emblemáticos Festival de Folclore e Encontro de Reis), animação pelas associações locais, gastronomia minhota e muito convívio ao longo dos três dias. Nas imediações, decorreu também o espetáculo equestre, que este ano ganhou ainda mais brilho com fogo e luzes em ambiente noturno.

Tradição, animação, economia e divulgação da freguesia

O Presidente da Junta de Freguesia da Vila de Prado, Albano Bastos, fez um balanço bastante positivo do evento, afirmando que “após um período de declínio, nos últimos anos a feira ganhou um novo fulgor e tem crescido de ano para ano, cumprindo o desígnio de manter a tradição viva, impulsionar a economia local, dinamizar a agenda cultural e divulgar o nome da vila”.

Albano Bastos não escondeu a satisfação pela forte afluência popular durante todo o programa e pelo feedback extremamente positivo que foi recebendo, tanto do público como das associações que encontram no certame um meio para financiarem o meritório trabalho que desenvolvem durante todo o ano. “As barraquinhas de ‘comes e bebes’ tiveram que repor várias vezes o stock tal foi a procura”, afirmou

O próprio concurso pecuário acabou por registar boa afluência, apesar de alguns constrangimentos alheios à organização, visto que o site da DGAV (Direção-Geral de Alimentação e Veterinária), onde se emitem as guias para os produtores, esteve ‘em baixo’ desde quinta-feira. O autarca fez ainda um agradecimento a todos os visitantes, em especial aos pradenses, que “aderiram em massa e ajudaram a fortalecer e dinamizar a festa”. Uma nota de especial agradecimento também para a pradense Armanda Queirós, que voltou a ceder a título gratuito a Quinta do Paraíso, espaço que recebeu o espetáculo equestre e o concurso pecuário, sem o qual não seria possível todo o brilhantismo do evento.

Assim terminaram três dias em que a Vila de Prado foi palco de momentos repletos de história e confraternização, mostrando que o virar dos séculos não apaga uma tradição tão enraizada como a Feira dos Vinte.